Livro: Os Sonhos Não Envelhecem – Histórias Do Clube Da Esquina. De Márcio Borges
- gererib10
- 21 de jul. de 2015
- 2 min de leitura
Em minha opinião, juntamente com A Divina Comédia Humana que conta a história dos Mutantes, Os Sonhos Não Envelhecem é tão espetacular quanto o Clube da Esquina. Um livro fantástico que mostra a paixão e amizade de uma turma pela música, pelo cinema (Jeanne Moreau e François Truffaut) e apresenta de forma comovente um retrato da juventude brasileira nos anos 60 e 70. Vale a pena ler.

Lançado em 1996, Os sonhos não envelhecem – Histórias do Clube da Esquina, de Márcio Borges, reconstrói parte da história cultural e política do país ao contar a criação do grupo musical mineiro. Isso através da narrativa do encontro entre Márcio Borges e Milton Nascimento no início dos anos 60.
Milton tocava com Marilton Borges, irmão de Márcio. Este foi quem incentivou o artista a escrever letras de músicas e se tornou seu primeiro parceiro nas composições. Essa profunda amizade é a força de uma obra que narra como Milton se desenvolveu enquanto artista, trechos da história pessoal de Márcio e da família Borges e os encontros dos músicos e letristas como Fernando Brant, Toninho Horta, Lô Borges, Beto Guedes e outros. Todas essas lembranças são envoltas ao contexto político de repressão que aqueles jovens tentavam combater com sua arte.
Márcio Borges nasceu em Belo Horizonte, em 1946. Foi integrante crucial do grupo, uma vez que era um dos letristas de confiança de Milton Nascimento – a estrela do Clube. Márcio é diretor do Museu do Clube da Esquina, também em Belo Horizonte, e Os sonhos não envelhecem já está em sua 7ª edição. O compositor ainda publicou Estrada Vitória-Minas.
A obra organiza-se a partir de longos casos que Borges conta. Embora pareça que relata à medida que se lembra de algo sem se preocupar com a ordem dos fatos, a história possui um fio narrativo. O livro divide-se em três grandes blocos. A primeira, Pré-história, apresenta as personagens, mostra como Milton Nascimento se aproximou da família Borges, aborda a movimentação cultural da Belo Horizonte dos anos 60 em torno da música e do cinema. Descreve também como surgiram as primeiras composições, os ensaios no “quarto dos homens”, as pequenas apresentações, tudo regado a muita bebida. Além disso, sempre deixa espaço para falar da sensibilidade dos jovens artistas no que concerne à ditadura.
A segunda parte, História, aborda o esforço dos músicos enquanto profissionais, as dificuldades de lançar os discos, a participação de Milton em LPs de outros artistas, em festivais, sua mudança definitiva para o Rio, sua rápida ascensão com a música Travessia e o período obscuro quando bebia demais e sua música não era vendável.
A última parte, Outra História, demarca um distanciamento entre Milton e Márcio Borges artisticamente. Retrata a reviravolta de Milton no mercado, seu ápice criativo ao lado de Fernando Brant e o sucesso nos Estados Unidos.
Fonte:
SILVA, C. L.; RESENDE, M. A. A. Os sonhos não envelhecem: uma (auto) biografia do Clube da Esquina. Revista do SELL. V. 4, N. 2. 2013. (Páginas 2 e 3)
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