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Os discos de minha vida

  • Gerê Alves
  • 21 de jul. de 2016
  • 2 min de leitura

Disco: Milton Nascimento & Lô Borges – Clube da Esquina (1972)

Texto: Thomas Pappon para discoteca básica da Revista Bizz – Edição 199 de Março de 2006.

Em 1970, Milton Nascimento já tinha quatro discos lançados e a fama de cantor e compositor fora de série - Burt Bacharach, por exemplo, era seu fã. Só que, em vez de partir para mais um álbum de composições próprias, ele resolveu dividir a criação e deixar sua música ser inseminada por outras cabeças. Desse espírito coletivista nasceu Clube da Esquina. Milton convidou um amigo dez anos mais novo, Lô Borges, que conheceu ainda criança em Belo Horizonte, para dividir as composições. Ele sabia que podia confiar no taco beatlemaníaco do rapaz, pois tinha gravado três músicas de Lô no disco anterior, Milton.

Em uma casa alugada na praia de Piratininga, em Niterói, Milton e Lô passaram um ano e meio compondo e recebendo a visita de amigos letristas (Fernando Brant. Ronaldo Bastos e Márcio Borges) e músicos (como Beto Guedes, trazido por Lô). As músicas foram gravadas nos estúdios da Odeon no Rio, "tudo ao vivo, só com os vocais colocados mais tarde", como contou Lô. As ideias e os arranjos iam surgindo no estúdio. Todos davam palpites, inclusive os letristas.

O resultado desse esforço coletivo chegou às lojas no auge dos tempos barra-pesada da ditadura e, segundo Lô, foi recebido com frieza. "Diziam que era música de uns caras que tocavam violão, olhavam para as montanhas e falavam de nuvens e céu azul." Clube da Esquina é tido como o disco que lançou o o som e a turma dos "mineiros" (de fato, ele envolve Lô, Beto, Toninho Horta, Nelson Ângelo, Tavito e um monte de músicos de lá), mas a "mineirice" de Clube da Esquina não está em supostas raízes ou ritmos folclóricos. Está na tradição de juntar uma galera num boteco, ouvir e falar de Beatles, rock progressivo, tocar violão e - no caso de BH - olhar para as montanhas. A voz abençoada de Milton, o mistério das letras (de onde vieram coisas como "um gosto vidro e corte/um sabor de chocolate" ou "vento solar e estrelas do mar/a terra azul da cor de seu vestido"?) e as levadas folk-rock piraram a cabeça da rapaziada da época, e a versão em CD, lançada 20 anos mais tarde, foi recebida como um tesouro no Japão (onde existe o "Fã-Clube da Esquina"), na Europa e nos EUA.

A mistura de baladas Beatle e MPB com sabor afro-Iatino soa muito bem. Ainda mais nas canções sensacionais de Milton (como "San Vicente", "Cravo e Canela", "Nada Será Como Antes") e Lô (Tom Jobim era fã de “Trem Azul”, David Byrne de “Um Girassol da cor de seu cabelo”). A casa na praia em Niterói, em que brotaram essas músicas, deveria ser tombada e ter uma placa: “Aqui nasceu um dos discos mais influentes já feitos no Brasil. Vejam o documentário abaixo que mostra a história do Clube da Esquina.

 
 
 

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 PERFIL:

Nome: Antônio Geraldo Alves Ribeiro (Gerê Alves)

Sou professor, educador ambiental e apaixonado por tudo isto e por música. Neste blog pretendo discutir, debater e compartilhar o melhor destes assuntos.

 

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